Tom Brady: O maior de todos
- Roger Tameirão
- 6 de jun.
- 11 min de leitura
Tom Brady é amplamente reconhecido como o maior quarterback da história da NFL. Sua carreira de 23 temporadas foi marcada por conquistas inigualáveis, longevidade impressionante e uma mentalidade competitiva que redefiniu os padrões da posição.


Origens: De Desacreditado a Lenda:
Thomas Edward Patrick Brady Jr. nasceu em 3 de agosto de 1977, em San Mateo, Califórnia. Filho de uma família de descendentes irlandeses, suecos, poloneses e noruegueses, cresceu como fã dos San Francisco 49ers, tendo como ídolo Joe Montana.
Apesar de praticar outros esportes, escolheu o futebol americano na Universidade de Michigan, onde enfrentou grandes desafios para se firmar como titular. Dividia espaço com Brian Griese e depois com Drew Henson, mas sua persistência começou a desenhar o traço que marcaria sua carreira: resiliência inabalável.

Draft 2000 – O Dia da "Humilhação" que Mudou a História:
Brady foi escolhido apenas na 6ª rodada do Draft de 2000, na 199ª posição, pelo New England Patriots. Poucos acreditavam no seu potencial. Chegou como o quarto quarterback no elenco, mas logo impressionou com seu QI futebolístico, ética de trabalho e liderança.

Explosão em 2001 – De Reserva a Herói Nacional:
A trajetória de Tom Brady na NFL começou de forma absolutamente improvável e surpreendente. Em 2001, apenas na sua segunda temporada, Brady ainda era reserva de Drew Bledsoe, o quarterback titular dos Patriots e uma das estrelas da equipe. Tudo mudou na semana 2 daquela temporada, quando Bledsoe sofreu uma lesão gravíssima após um forte choque com o linebacker Mo Lewis, do New York Jets. Brady assumiu a titularidade e nunca mais soltou o cargo.
Com uma postura serena, inteligência acima da média e extrema frieza, Brady conduziu os Patriots a uma campanha improvável, levando o time até o Super Bowl XXXVI. Lá, enfrentaram os favoritos St. Louis Rams, conhecidos como "The Greatest Show on Turf", donos do melhor ataque da liga. Apesar de ser considerado grande azarão, Brady liderou uma campanha decisiva nos minutos finais e posicionou Adam Vinatieri para chutar o field goal da vitória. Com apenas 24 anos, Brady foi eleito MVP do Super Bowl, conquistando seu primeiro título e dando início à dinastia dos Patriots.
Nos anos seguintes, a afirmação de Brady foi rápida e definitiva. Em 2002, mesmo com uma temporada mais irregular, onde o time não conseguiu chegar aos playoffs, ficou claro que os Patriots haviam encontrado seu quarterback para o futuro. Já em 2003 e 2004, a dinastia tomou forma de maneira inquestionável. Brady conduziu os Patriots a duas temporadas excepcionais, com campanhas dominantes e um nível de competitividade absurdo.
Ambos os anos terminaram com títulos de Super Bowl. Em 2003, derrotaram o Carolina Panthers em mais uma partida decidida no último segundo, novamente com Brady liderando a campanha final para posicionar Vinatieri para o chute da vitória. No ano seguinte, em 2004, os Patriots derrotaram o Philadelphia Eagles no Super Bowl XXXIX, confirmando o bicampeonato e o terceiro título em quatro temporadas.
Nesse período, Tom Brady consolidou sua reputação como um quarterback absolutamente decisivo, frio sob pressão e extremamente eficiente nos momentos mais importantes. De um jovem desacreditado, escolhido na sexta rodada do draft, ele se transformou rapidamente no rosto da nova dinastia da NFL, alguém que mudaria para sempre os padrões de sucesso na liga.
Primeira Trinca de Super Bowls para Tom Brady:
Super Bowl XXXVI (2001) – Campeão, MVP
Super Bowl XXXVIII (2003) – Campeão, MVP
Super Bowl XXXIX (2004) – Campeão
Nos anos seguintes, consolidou-se como um dos mais decisivos jogadores da NFL, famoso por sua frieza nos minutos finais e campanhas de virada.

Reinvenção Constante: Entre altos e baixos (2005–2014):
Após conquistar seu terceiro Super Bowl em apenas quatro temporadas, Tom Brady entrou no período entre 2005 e 2014 em busca de manter a dinastia dos Patriots viva. Apesar de seguir como um dos quarterbacks mais dominantes da liga, essa fase foi marcada por desafios, frustrações, recomeços e a constante busca pela superação.
Nos anos seguintes à terceira conquista, Brady continuou levando os Patriots a temporadas de altíssimo nível, dominando a divisão e frequentemente chegando aos playoffs. Porém, os títulos escapavam, geralmente de forma amarga. Em 2006, por exemplo, liderou o time até a final da Conferência Americana (AFC), mas foi derrotado de forma dolorosa pelo Indianapolis Colts de Peyton Manning, após abrir uma vantagem de 21 a 3. Essa derrota ficou marcada como uma das maiores viradas da história da pós-temporada.
Em 2007, Tom Brady viveu uma temporada absolutamente histórica. Junto com o recém-chegado wide receiver Randy Moss, quebrou recordes que pareciam inalcançáveis. A conexão entre os dois foi devastadora. Brady lançou 50 touchdowns, um recorde da NFL na época, enquanto Moss anotou 23 touchdowns recebidos, outro recorde. A equipe terminou a temporada regular de forma perfeita, com 16 vitórias e nenhuma derrota — algo que não acontecia desde os Dolphins de 1972. Os Patriots avançaram até o Super Bowl XLII como franco favoritos e buscavam uma campanha de 19-0, algo inédito na era moderna da liga. No entanto, foram surpreendidos pelo New York Giants, que venceram o jogo em uma das maiores zebras da história, graças ao famoso "helmet catch" de David Tyree nos minutos finais. A derrota foi devastadora para Brady, que viu escapar uma chance de ser parte do único time perfeito do século XXI.
O golpe seguinte veio logo no início da temporada de 2008, quando Brady sofreu uma grave lesão no joelho, rompendo o ligamento cruzado anterior logo no primeiro jogo contra o Kansas City Chiefs. Isso o tirou de toda a temporada, sendo a única vez em sua carreira que ficou afastado por tanto tempo. Sem ele, os Patriots até fizeram uma campanha sólida de 11-5, mas não se classificaram para os playoffs.
Ao retornar em 2009, Brady precisou readquirir confiança e ritmo de jogo, e embora tenha mostrado lampejos do gênio que era, os Patriots foram eliminados logo no Wild Card pelos Ravens. Em 2010, veio uma nova fase de reinvenção. Sem Randy Moss, que foi trocado durante a temporada, Brady conduziu um ataque mais equilibrado e eficiente, sendo eleito de forma unânime MVP da temporada, algo raríssimo na NFL. Mesmo assim, a busca pelo Super Bowl foi interrompida precocemente, novamente no jogo de Wild Card, desta vez contra o New York Jets, em uma derrota inesperada.
Os anos de 2011 a 2014 marcaram a consolidação de Brady como um quarterback que já não contava mais com estrelas no ataque, mas compensava tudo com inteligência, precisão e leitura de jogo. Em 2011, voltou ao Super Bowl, mais uma vez enfrentando os Giants, e, novamente, sofreu uma derrota dolorosa no último minuto, com direito a uma campanha heroica de Eli Manning que terminou com o famoso passe para Mario Manningham na lateral.
Apesar das decepções, Brady jamais se deixou abater. Nos anos seguintes, seguiu levando os Patriots a campanhas consistentes. Em 2012, perdeu a final da AFC para o Baltimore Ravens, e em 2013, novamente caiu na final da conferência, dessa vez para o Denver Broncos de Peyton Manning, em um duelo histórico entre os dois maiores quarterbacks daquela geração.
Esse período foi marcado por constantes dúvidas da imprensa e do público sobre se a dinastia dos Patriots havia, enfim, chegado ao fim. Muitos especulavam que Brady já não era mais capaz de levar o time a outro Super Bowl. As críticas aumentaram em 2014, após uma derrota humilhante na semana 4 para o Kansas City Chiefs, quando os Patriots foram atropelados por 41 a 14. Na coletiva após o jogo, Bill Belichick soltou a frase que se tornaria lendária: “We’re on to Cincinnati” (“Estamos focados em Cincinnati”), indicando que o time seguiria em frente, ignorando as críticas. Na semana seguinte, Brady respondeu de forma categórica, destruindo os Bengals e iniciando uma virada épica na temporada.
O desfecho desse ciclo de 2005 a 2014 foi triunfante. Naquele mesmo ano, Brady liderou os Patriots de volta ao topo, vencendo o Super Bowl XLIX em um dos jogos mais emocionantes da história da NFL, contra o Seattle Seahawks. Após estar perdendo até o último quarto, Brady comandou duas campanhas de touchdown seguidas, virando o jogo e conquistando seu quarto título de Super Bowl. A partida foi selada com a famosa interceptação de Malcolm Butler na linha de 1 jarda, nos segundos finais, impedindo os Seahawks de virar o jogo.
Esse título não só quebrou o jejum de uma década sem Super Bowls, como também silenciou qualquer dúvida sobre o legado de Brady, que mostrou ao mundo que, mesmo após anos de derrotas dolorosas, lesões e críticas, seguia sendo um dos maiores — e, para muitos, o maior quarterback da história da NFL.

Gravando seu nome e espaço como GOAT (2015-2020)
O ciclo entre 2015 e 2020 foi um dos mais simbólicos da carreira de Tom Brady, marcado por uma mistura de polêmicas, redenção, superação e vitórias que consolidaram de vez seu status como o maior quarterback da história da NFL.
Tudo começou com o episódio do “Deflategate”, uma das maiores polêmicas da liga. Brady foi acusado de ter participado da suposta manipulação da pressão das bolas durante a final da AFC de 2014 contra o Indianapolis Colts. Após meses de investigações, julgamentos e recursos, a NFL aplicou uma punição de quatro jogos de suspensão, que ele cumpriu no início da temporada de 2016. Mas a resposta de Brady foi simplesmente avassaladora. Voltou com sede de vingança, jogando em altíssimo nível e conduzindo os Patriots de volta ao Super Bowl LI, em 2017.

Foi nesse Super Bowl que aconteceu o momento mais épico de sua carreira. Os Patriots perdiam por 28 a 3 contra o Atlanta Falcons, faltando pouco mais de dois minutos para o fim do terceiro quarto. Brady, então com 39 anos, protagonizou a maior virada da história do Super Bowl, levando o jogo para a prorrogação — outra coisa inédita na história do evento — e comandando a campanha final que garantiu a vitória por 34 a 28. Brady conquistava ali seu quinto anel e seu quarto MVP de Super Bowl, carimbando de vez seu nome como o maior de todos os tempos.
Em 2017, voltou ao Super Bowl novamente, dessa vez contra o Philadelphia Eagles. Brady teve uma atuação monstruosa, lançando para 505 jardas, quebrando o recorde de jardas aéreas em um Super Bowl, mas, em um jogo absolutamente maluco, os Patriots acabaram derrotados por 41 a 33, em uma partida onde praticamente não houve defesas.
No ano seguinte, em 2018, veio mais uma coroação. Com um time mais focado no jogo terrestre e em uma defesa extremamente eficiente, Brady voltou ao Super Bowl, desta vez contra o Los Angeles Rams. O jogo foi defensivo, truncado, mas no momento decisivo, Brady conectou um passe perfeito para Rob Gronkowski, que selou a campanha que resultou no touchdown da vitória. O placar final foi 13 a 3, e Brady conquistou seu sexto anel de campeão, quebrando mais um recorde e se tornando o jogador com mais títulos na história da NFL.
A temporada de 2019 foi um ponto de transição. Apesar de começar forte, os Patriots sofreram com problemas no ataque, falta de peças no corpo de recebedores e desgaste natural da relação com o técnico Bill Belichick. O time foi eliminado ainda na rodada de Wild Card, em uma derrota para o Tennessee Titans, encerrando uma era. Naquele jogo, curiosamente, o último passe de Brady como quarterback dos Patriots foi uma interceptação retornada para touchdown.

Em março de 2020, após 20 anos, seis Super Bowls, nove finais e uma das maiores dinastias da história do esporte mundial, Brady anunciou que estava deixando os Patriots. Logo depois, assinou contrato com o Tampa Bay Buccaneers, encerrando sua lendária passagem por New England. Essa decisão foi vista como uma nova prova de que Brady não estava pronto para se aposentar, e sim para escrever mais um capítulo da sua história — um capítulo que, como o mundo viria a descobrir, seria absolutamente histórico.
Renascimento em Tampa Bay – Desafiando a História (2020–2022):

Quando Tom Brady anunciou, em março de 2020, que estava deixando os Patriots após 20 temporadas, muitos se perguntaram se aquela decisão marcava o começo do fim de sua carreira. Aos 43 anos, Brady surpreendeu o mundo ao assinar com o Tampa Bay Buccaneers, uma franquia que não ia aos playoffs desde 2007 e que não conquistava um Super Bowl desde 2002. Para muitos, parecia uma missão impossível. Para Brady, era apenas mais um desafio.

Logo em sua chegada, a cultura da franquia mudou completamente. Sua presença atraiu veteranos que queriam vencer, como o lendário tight end Rob Gronkowski, que saiu da aposentadoria para jogar ao seu lado novamente, além de Antonio Brown e Leonard Fournette, que se juntaram ao projeto. Com um elenco fortíssimo, liderado pelo técnico Bruce Arians e por uma defesa extremamente agressiva, Brady tinha nas mãos uma oportunidade rara: provar que seu sucesso não dependia do sistema dos Patriots, e sim da sua própria genialidade.
A temporada de 2020 começou com alguns tropeços naturais de adaptação, já que Brady estava lidando com um novo playbook, novo elenco e sem pré-temporada devido à pandemia. Porém, com o passar das semanas, o time foi crescendo, ajustando o ataque e se tornando cada vez mais perigoso. Os Bucs fecharam a temporada regular com 11 vitórias e 5 derrotas, classificando-se como Wild Card.
Nos playoffs, Brady mostrou porque é o maior da história. Venceu, fora de casa, o Washington Football Team, depois derrotou o New Orleans Saints de Drew Brees — naquele que seria o último jogo da carreira de Brees — e, na sequência, superou o Green Bay Packers de Aaron Rodgers, na final da NFC, garantindo a classificação dos Bucs para o Super Bowl LV, que, curiosamente, seria disputado no próprio estádio dos Buccaneers, o Raymond James Stadium — a primeira vez na história que um time disputava o Super Bowl em casa.

No Super Bowl, o adversário era simplesmente Patrick Mahomes e o Kansas City Chiefs, atuais campeões e favoritos. Mas Brady, como de costume, foi impecável. Liderou o ataque com maestria, lançou 3 touchdowns, dois deles para Gronkowski, e conduziu os Bucs a uma vitória absolutamente dominante por 31 a 9. A defesa sufocou Mahomes o jogo inteiro, e Brady levantou seu sétimo anel de Super Bowl, além de ser eleito MVP do jogo pela quinta vez na carreira, aos 43 anos, algo totalmente sem precedentes na história da NFL — e do esporte mundial.
Em 2021, Brady retornou determinado a buscar mais um título. Liderou a liga em jardas passadas (5.316) e touchdowns (43), mesmo aos 44 anos, provando que continuava jogando em nível de MVP. Os Buccaneers terminaram a temporada com uma campanha de 13-4, mas acabaram eliminados nos playoffs, na rodada divisional, em um jogo épico contra o Los Angeles Rams, onde Brady quase conseguiu mais uma virada histórica após estar perdendo por 27 a 3.
Após essa eliminação, em fevereiro de 2022, Brady anunciou sua aposentadoria — uma decisão que durou apenas 40 dias. Insatisfeito em deixar o esporte, voltou para mais uma temporada com os Buccaneers, em 2022, enfrentando muitas dificuldades: problemas internos na equipe, lesões e até seu divórcio, que virou assunto mundial. Mesmo assim, Brady levou os Bucs a mais uma classificação para os playoffs, embora com uma campanha negativa (8-9), se tornando o primeiro quarterback na história a conquistar uma divisão com mais derrotas do que vitórias. Nos playoffs, no entanto, foram eliminados pelo Dallas Cowboys no Wild Card.
Dessa vez, em fevereiro de 2023, Brady anunciou oficialmente sua aposentadoria “para sempre”, encerrando de forma definitiva uma carreira absolutamente lendária, que não só quebrou todos os recordes possíveis, como redefiniu o que significa longevidade, excelência e competitividade no esporte.
A fase de Tom Brady em Tampa Bay não foi apenas um capítulo extra de sua história. Foi uma afirmação clara, poderosa e definitiva de que ele não era apenas produto do sistema dos Patriots. Ele era, por si só, o sistema. Sua passagem pelos Buccaneers consolidou, sem margem para discussão, que Tom Brady é o maior jogador da história da NFL e um dos maiores atletas da história do esporte mundial.
Recordes Surreais e Estatísticas Insanas:
7 Super Bowls vencidos (recorde absoluto)
10 aparições em Super Bowl (recorde)
649 touchdowns na temporada regular (recorde)
89.214 jardas aéreas na temporada regular (recorde)
7.753 passes completos (recorde)
251 vitórias na temporada regular
35 vitórias em playoffs (recorde)
100.000+ jardas combinadas na carreira (temporada + playoffs) (único da história)
Número 12 aposentado pelos Patriots em 2024.
Uma estátua em tamanho real foi inaugurada no Gillette Stadium, em Foxborough.
O estado de Massachusetts oficializou o "Tom Brady Day" em 12 de junho.
Tornou-se sócio minoritário dos Las Vegas Raiders (NFL) e das Las Vegas Aces (WNBA).
Assinou contrato como comentarista com a Fox Sports no valor de US$ 375 milhões, o maior da história da mídia esportiva.
