Nenhum programa representa tão bem o orgulho de um estado quanto os Texas Longhorns representam o estado do Texas. A universidade, com sede em Austin, é mais do que uma potência esportiva, é uma instituição cultural.
Dentro e fora dos campos, o Longhorn carrega peso, tradição e uma herança de dominação que moldou gerações.
Tudo é maior no Texas, inclusive o futebol universitário
Por décadas, Texas se orgulhou de ser “a casa do futebol americano universitário”, com títulos nacionais, jogadores lendários, uma torcida colossal e um campus que respira competitividade.
Mas entre o passado glorioso e o presente recente, o programa viveu anos de frustração e de promessas não cumpridas. Entrar na SEC, no entanto, não é apenas uma mudança de conferência.
É o início de um novo ciclo. E, desta vez, o Longhorn está pronto.
Darrell K Royal-Texas Memorial Stadium: Onde 100 mil respiram o mesmo jogo
Se há uma imagem que define o Texas Longhorns, é a vista panorâmica do Darrell K Royal-Texas Memorial Stadium, completamente tomado por torcedores vestidos de laranja queimado.
Com capacidade para mais de 100 mil pessoas, o estádio é um colosso. Mais que um palco esportivo, ele é um monumento à grandiosidade que a universidade representa.
Jogos em Austin são eventos estaduais. A cidade, já efervescente por natureza, entra em modo de celebração coletiva.
O som da multidão, o barulho das botas no asfalto, os gritos de “Hook ’em Horns” e o aceno dos dedos em forma de chifre compõem um espetáculo que transforma cada sábado em algo lendário.
Texas não esconde seu tamanho. E não pede desculpas por ele. A ideia sempre foi ser o maior e, agora, quer provar que também pode ser o melhor.
A era dourada e o apagão de uma potência
O auge dos Longhorns veio sob o comando de Mack Brown, entre 1998 e 2013. Em 2005, o programa viveu uma das temporadas mais icônicas da história do college football.
Com o quarterback Vince Young, Texas derrotou o então invicto USC em um dos maiores jogos de todos os tempos, a final do BCS National Championship no Rose Bowl.
Aquela noite ficou marcada por um desempenho absolutamente histórico de Young, que marcou o touchdown da vitória nos segundos finais e levou os Longhorns a seu quarto título nacional.
Aquele time não apenas venceu, encantou. Era rápido, criativo e mentalmente inabalável. E a vitória consolidou Texas como a principal força do futebol universitário naquele momento.
No entanto, os anos seguintes trouxeram declínio. A saída de Mack Brown abriu uma sequência de tentativas frustradas de reconstrução.
Nomes como Charlie Strong e Tom Herman prometeram revoluções que nunca se completaram. O programa acumulou temporadas medianas, perdeu relevância nacional e viu rivais como Oklahoma dominarem a conferência Big 12.
Tudo isso criou um contraste desconfortável: Texas continuava sendo uma marca gigantesca, com torcida, dinheiro e estrutura, mas sem os resultados em campo para justificar seu prestígio.
Steve Sarkisian e o resgate da identidade
Em 2021, Texas fez uma nova aposta. Contratou Steve Sarkisian, ex-coordenador ofensivo de Alabama, responsável por um dos ataques mais explosivos da história recente da NCAA.
A ideia era clara: trazer uma mente ofensiva moderna, acostumada a vencer na SEC, e dar a ele os recursos que poucos programas no país poderiam oferecer.
Sarkisian, em sua terceira temporada, mostrou que o projeto não era apenas promessa. Em 2023, Texas venceu Alabama em Tuscaloosa, um feito raríssimo.
Depois, garantiu a conquista do título da Big 12 em sua despedida da conferência, e, pela primeira vez desde 2009, os Longhorns chegaram ao College Football Playoff.
Mesmo sendo derrotado por Washington na semifinal, o recado foi dado: Texas está de volta. A frase, que tantas vezes foi repetida em vão, agora carrega substância.
O time voltou a jogar com confiança, a recrutar entre os melhores e, acima de tudo, a competir em alto nível com as potências do país.
Estrutura, NIL e o poder da marca
Texas talvez seja o programa mais rico de todo o college football. Com um fundo de doações multimilionário, contratos de TV vultosos e uma marca consolidada nacionalmente, a universidade domina o jogo fora de campo.
Suas instalações são de padrão profissional, seu staff é um dos mais bem pagos do país e sua presença nas mídias sociais e canais de transmissão é global.
No novo cenário do NIL, Texas se posicionou rapidamente. Criou estrutura para apoiar atletas em seus contratos de imagem, ofereceu conexões com marcas, apoio jurídico e plataformas de visibilidade.
Jogar em Austin, hoje, significa não só estar em um dos maiores palcos do futebol universitário, mas também entrar num ecossistema que valoriza o atleta como marca, algo que pesa (e muito) no recrutamento.
Rivalidades e o início da era SEC
A maior rivalidade de Texas é com Oklahoma, no histórico Red River Rivalry, disputado anualmente no Cotton Bowl, em Dallas, durante a Feira Estadual do Texas.
É um dos confrontos mais aguardados da temporada universitária e, agora, continuará acontecendo sob a bandeira da SEC, o que só adiciona combustível à rivalidade.
Com a mudança de conferência, Texas não apenas ganha novos adversários. Ganha um novo nível de desafio.
Jogos contra Georgia, Alabama, LSU, Florida, Tennessee e outros representarão testes semanais de alto nível, algo que o programa já começou a enfrentar com coragem.
Em 2024, em sua estreia na SEC, os Longhorns chegaram à final da conferência, enfrentando Georgia em Atlanta.
Apesar da derrota, a chegada à decisão na temporada de transição mostrou que Texas não apenas pertence à nova conferência, mas pode vencê-la.
O agora é competitivo, o futuro é ambicioso
Os Longhorns vivem hoje uma das fases mais promissoras de sua história recente. O elenco é profundo, o sistema ofensivo é moderno, a comissão técnica é experiente, e o campus inteiro respira uma confiança que há muito não se via.
Os jovens atletas estão chegando em peso, e os veteranos estão ficando mais tempo, um sinal claro de que o programa voltou a ser atrativo para quem quer vencer antes de pensar na NFL.
Texas sabe que o desafio na SEC será brutal. Mas também sabe que tem todas as peças para não apenas competir, mas vencer.
E mais do que isso, está cercado por um estado que vive e respira futebol, com milhões de fãs prontos para lotar o estádio, vibrar com cada snap e, acima de tudo, exigir grandeza.
O gigante não apenas acordou. Ele se levantou, olhou em volta e entendeu que este é, sim, seu lugar.
No próximo capítulo da série “Conheça os Programas”, seguimos com o parceiro inseparável de jornada que também aterrissou na SEC, o Oklahoma Sooners, um dos programas mais consistentes da história do college football, agora pronto para um novo desafio em território hostil.