Entre as grandes potências do futebol americano universitário, poucos programas combinam tanta história, consistência e impacto nacional quanto os Oklahoma Sooners.
Localizado em Norman, Oklahoma, o programa da University of Oklahoma (OU) é sinônimo de grandeza. Ao longo de mais de um século, os Sooners não apenas venceram campeonatos, eles moldaram o próprio conceito de dinastia no college football.
Uma história escrita com vitórias
O que diferencia Oklahoma de outros programas tradicionais é sua longevidade de sucesso. De Bud Wilkinson a Barry Switzer, de Bob Stoops a Lincoln Riley, Oklahoma sempre encontrou formas de se manter competitivo, relevante e temido.
O símbolo do carrinho Sooner Schooner entrando no campo e a torcida cantando "Boomer Sooner" são imagens tão eternas quanto os próprios troféus que enchem as vitrines da universidade.
Agora, com a entrada na SEC, os Sooners enfrentam uma nova era, talvez a mais desafiadora de sua história. Mas se tem uma coisa que Oklahoma sabe fazer, é vencer. Mesmo quando todos duvidam.
A era das lendas: Títulos, prêmios e quarterbacks
Desde sua fundação, Oklahoma conquistou 7 títulos nacionais oficiais, além de mais de 50 títulos de conferência. O programa é uma máquina de produção de quarterbacks lendários, vencedores do Heisman Trophy e ídolos que marcaram gerações.
Entre os nomes inesquecíveis estão Billy Sims, Jason White, Sam Bradford, Baker Mayfield, Kyler Murray e Jalen Hurts. Não por acaso, Oklahoma é uma das escolas com maior número de Heismans da história, com destaque para o inédito feito de ter quarterbacks vencedores do troféu por dois anos consecutivos (Mayfield em 2017 e Murray em 2018), ambos sob o comando do então técnico Lincoln Riley.
Esses quarterbacks não apenas acumularam estatísticas. Eles moldaram a identidade ofensiva dos Sooners: agressiva, criativa, vertical. E mesmo com as mudanças recentes no comando técnico, a expectativa em Norman é sempre de produção ofensiva de elite.
Memorial Stadium e a alma de um estado
O Gaylord Family Oklahoma Memorial Stadium, com capacidade para mais de 86 mil torcedores, é o centro do universo em Norman nos dias de jogo. A atmosfera, embora menos caótica do que alguns caldeirões do Sul, é profundamente emocional. A torcida, leal e exigente, acompanha cada passo do programa com atenção quase religiosa.
Para os habitantes do estado, o sucesso do time é uma questão de identidade. Oklahoma não tem franquias profissionais de futebol americano. Os Sooners são o time do estado. E isso se reflete no engajamento, no apoio financeiro e na pressão constante por resultados.
O famoso “Boomer Sooner” é mais do que um canto, é um grito de guerra que conecta gerações.
Transição turbulenta e a chegada de Brent Venables
A saída de Lincoln Riley em 2021, rumo à USC, pegou Oklahoma de surpresa. Riley havia sido o arquiteto do ataque explosivo dos anos anteriores, e sua saída abalou o ambiente em Norman. Mas a resposta foi rápida e simbólica, o retorno de Brent Venables, ex-assistente da casa e então coordenador defensivo de Clemson.
Venables chegou com uma missão clara, reconstruir a identidade física e defensiva do time, algo que Oklahoma vinha deixando de lado em meio ao foco quase exclusivo no ataque. A transição, como era de se esperar, não foi fácil. A temporada de 2022 foi decepcionante, com seis derrotas, um número quase inimaginável para os padrões do programa.
Mas em 2023, os sinais de recuperação começaram a aparecer. A defesa ganhou corpo, o sistema de jogo se mostrou mais equilibrado e a equipe voltou a competir em alto nível. A entrada na SEC exige mais do que boas intenções, exige casca, disciplina e profundidade. E Venables parece determinado a transformar Oklahoma em um time capaz de não apenas sobreviver, mas brigar por títulos na nova casa.
O Red River Rivalry e as novas batalhas da SEC
O Red River Rivalry, clássico anual contra o Texas Longhorns, é uma das rivalidades mais intensas do esporte americano. Disputado no Cotton Bowl, em Dallas, no meio da Feira Estadual do Texas, o jogo divide o estádio em duas metades de cores diferentes, com emoções à flor da pele e implicações enormes para o restante da temporada.
A boa notícia para os fãs: o confronto permanece vivo na SEC, o que mantém um dos maiores clássicos da NCAA intacto. Mas agora, além de Texas, Oklahoma terá pela frente uma nova constelação de adversários ferozes: Alabama, Georgia, LSU, Florida, Tennessee… Cada semana será uma guerra e cada vitória, um feito.
É um teste duro. Mas também é uma oportunidade histórica para provar que os Sooners são, e sempre foram, parte da elite nacional.
O programa pronto para a nova era
Oklahoma entra na SEC com uma mistura rara de tradição, estrutura e ambição. A universidade tem recursos financeiros abundantes, uma torcida nacional, um estádio imponente e, acima de tudo, um padrão de excelência que resiste ao tempo.
O desafio agora é físico e estratégico. A SEC exige profundidade no elenco, especialmente nas trincheiras. O nível de jogo é mais alto, os estádios são mais hostis, os técnicos adversários mais experientes. Mas os Sooners não estão ali por acaso. Estão ali porque merecem. Porque já provaram, ao longo de décadas, que sabem vencer em qualquer ambiente.
O projeto liderado por Brent Venables está em andamento. E com recrutas de peso chegando, a cultura defensiva sendo resgatada e a ofensiva ainda promissora, Oklahoma pode não demorar muito para disputar e vencer o campeonato da SEC.
No próximo capítulo da série “Conheça os Programas”, vamos atravessar o Mississipi até Auburn, para descobrir como o histórico programa da Auburn University continua sendo um dos mais fascinantes (e imprevisíveis) da SEC, com tradições únicas e uma torcida que vive cada jogo como se fosse o último.
