Se há algo que torna o College Football um dos esportes mais apaixonantes dos Estados Unidos, são suas intensas rivalidades, e quando falamos da Big Ten Conference, essas disputas ganham contornos quase sagrados. Com histórias que atravessam gerações e moldam o cenário esportivo universitário, cada confronto carrega um simbolismo único, muitas vezes selado com troféus emblemáticos e tradições inquebrantáveis.
A seguir, exploramos as rivalidades mais marcantes da Big Ten — encontros que vão além das quatro linhas e ajudam a contar a história do esporte universitário americano.
1. Ohio State vs. Michigan — "The Game"
Sem exagero, essa pode ser considerada a maior rivalidade do futebol americano universitário. Desde o primeiro encontro em 1897, Ohio State Buckeyes e Michigan Wolverines protagonizam um duelo histórico, com jogos intensos que frequentemente decidem o campeão da Divisão Leste da Big Ten — e, por vezes, influenciam diretamente os rumos do College Football Playoff.
O primeiro confronto aconteceu em 1897 e fiocu conhecido como "The Game". Também, em 2006, ambos chegaram invictos ao duelo, ranqueados como 1º (Ohio State) e 2º (Michigan) no país. Um dos jogos mais aguardados da história da rivalidade.
Além dos campos, a rivalidade acontece entre torcedores, ex-jogadores e até mesmo políticos que participam de provocações antes e depois dos jogos.
2. Minnesota vs. Wisconsin — "Battle for Paul Bunyan's Axe"
A rivalidade mais antiga da Big Ten e uma das mais tradicionais de todo o College Football. Disputado desde 1890, o clássico entre os Golden Gophers (Minnesota) e os Badgers (Wisconsin) é um verdadeiro símbolo do futebol universitário do norte dos EUA.
O atual troféu (Machado de Paul Bunyan) substituiu o "Slab of Bacon" (pedaço de bacon) depois de seu desaparecimento no jogo de 1948, no qual, Winsconsin deveria entregar o troféu para Minnnesota. Com 134 encontros, é a mais longa rivalidade da Divisão I do FBS.
A rivalidade começou em 1890 e só não aconteceu em 1906 e conta com um empate 63-63-8. Embora Wisconsin tenha dominado nas últimas décadas, Minnesota mantém vivo o espírito da rivalidade.
3. Iowa vs. Minnesota — "Floyd of Rosedale"
Muito mais do que um simples jogo de futebol americano universitário, o duelo entre Iowa Hawkeyes e Minnesota Golden Gophers é uma das rivalidades mais antigas e emblemáticas do College Football. Disputado desde 1891, o confronto ganhou contornos lendários em 1935, quando uma polêmica envolvendo um jogo físico e tensões raciais levou os governadores dos dois estados a selarem uma aposta inusitada:
O vencedor ficaria com um porco de verdade, batizado de Floyd, em homenagem ao fazendeiro que o doou. A aposta acabou virando tradição, e o porco de carne e osso foi substituído por um troféu de bronze, o famoso Floyd of Rosedale, que até hoje é entregue ao vencedor do clássico.
Este confronto vai além das quatro linhas, representa o orgulho e a identidade de dois estados vizinhos do Meio-Oeste americano, onde o futebol universitário é praticamente uma religião.
Com mais de 100 encontros disputados, a rivalidade é marcada por equilíbrio, jogos intensos e uma disputa acirrada pela posse do Floyd. Para torcedores de Iowa e Minnesota, esse não é apenas mais um jogo na tabela — é uma batalha por honra, tradição e história.
4. Michigan State vs. Michigan — "Paul Bunyan Trophy"
Dentro do estado de Michigan, não existe meio-termo, ou você veste o azul e amarelo dos Wolverines, ou o verde e branco dos Spartans. A rivalidade entre Michigan e Michigan State é uma das mais intensas do college football, marcada por orgulho local, provocações afiadas e partidas memoráveis — muitas delas decididas no detalhe, independentemente do favoritismo ou da posição no ranking.
Embora os times se enfrentem desde 1898, a rivalidade ganhou contornos mais sérios após a entrada de Michigan State na Big Ten Conference, em 1950.
Desde então, o confronto passou a valer o icônico Paul Bunyan Trophy, uma estátua de madeira representando o lendário lenhador do folclore norte-americano, símbolo das raízes rústicas e do espírito trabalhador do estado.
Criado em 1953 pelo então governador de Michigan, o troféu é tão excêntrico quanto simbólico — e motivo de discórdia anual entre as torcidas.
Com uma atmosfera que mistura paixão regional e disputas históricas, o clássico é imprevisível: não é raro o time "azarão" roubar a cena, frustrando campanhas perfeitas ou arrancando vitórias épicas nos segundos finais. Para os fãs, esse não é apenas um jogo por um troféu de madeira — é uma luta por supremacia dentro do próprio quintal.
5. Illinois vs. Northwestern — "Land of Lincoln Trophy"
O clássico estadual entre Illinois Fighting Illini e Northwestern Wildcats é uma rivalidade histórica que representa o embate entre duas das universidades mais tradicionais do estado de Illinois — a pública e a privada, o interior e os arredores de Chicago, o vermelho e o roxo. Embora o confronto aconteça desde 1892, o atual símbolo da rivalidade só foi introduzido em 2009: o Land of Lincoln Trophy, um troféu que homenageia Abraham Lincoln, figura central da história do estado e dos Estados Unidos.
Antes disso, a rivalidade era representada pelo polêmico Sweet Sioux Tomahawk, troféu aposentado por questões culturais e de sensibilidade em relação à representação de povos indígenas. A mudança não diminuiu o peso histórico da disputa — pelo contrário, renovou o significado do clássico ao ancorá-lo em um ícone respeitado por todos os cidadãos de Illinois.
Apesar de não ter a mesma projeção nacional de outros confrontos da Big Ten, o clássico tem grande valor regional e costuma ser o encerramento da temporada regular para ambos os times, o que adiciona um elemento extra de emoção. Para muitos torcedores, vencer esse jogo significa fechar o ano com moral — e garantir a posse do troféu de Lincoln até o próximo outono.
6. Maryland vs. Penn State — Uma rivalidade em construção
Desde que Maryland ingressou na Big Ten em 2014, o duelo contra Penn State passou a carregar traços cada vez mais intensos de rivalidade. Mais do que uma simples partida de conferência, o confronto passou a simbolizar uma batalha por espaço e respeito dentro da altamente competitiva Big Ten East. A proximidade geográfica entre os dois programas, separadas por apenas algumas horas de viagem, só aumenta o clima de hostilidade e a disputa por território no recrutamento de atletas na região do Atlântico Médio.
Embora ainda não exista um troféu oficial para selar a rivalidade, o jogo entre Terrapins e Nittany Lions é tradicionalmente marcado por tensão crescente, jogos físicos e provocações dentro e fora de campo. Um dos momentos mais emblemáticos ocorreu em 2014, no primeiro encontro após a entrada de Maryland na conferência, quando os jogadores dos Terrapins recusaram o tradicional aperto de mãos pré-jogo, um gesto simbólico que foi encarado como desrespeito deliberado e incendiou ainda mais os ânimos entre as duas universidades. Como consequência, Maryland foi multada pela Big Ten, e o episódio consolidou o tom provocativo da rivalidade.
Apesar da vantagem histórica amplamente favorável a Penn State, o confronto tem ganhado nuances competitivas, com Maryland tentando se afirmar como um adversário digno em confrontos cada vez mais acompanhados de perto por torcedores, mídia e olheiros.
Seja por questões de orgulho regional, ambições dentro da conferência ou pura animosidade construída ao longo da última década, Maryland x Penn State se tornou um daqueles jogos que vão muito além das quatro linhas — um verdadeiro capítulo à parte na narrativa da temporada universitária.
Rivalidades Emergentes e o Futuro
Com a entrada de potências como USC, UCLA, Oregon e Washington, a Big Ten não está apenas se expandindo geograficamente, está pavimentando o caminho para uma nova era de rivalidades épicas. A presença dessas universidades históricas promete adicionar uma dose extra de drama, talento e tradição a uma conferência já marcada por confrontos lendários.
Duplos como USC x Ohio State ou Oregon x Michigan têm tudo para se tornarem os novos clássicos do calendário, reunindo programas com histórias ricas, torcidas apaixonadas e ambições nacionais. São jogos que combinam peso histórico com o frescor da novidade, ingredientes perfeitos para construir rivalidades que resistem ao tempo.
Mais do que simples disputas por vitórias ou posições no ranking, esses confrontos mantêm viva a essência do college football, a emoção pura, o senso de pertencimento e a construção de legados. E na Big Ten, cada partida é mais do que um jogo, é um capítulo de uma epopeia que atravessa gerações, onde passado, presente e futuro colidem em tardes que entram para a história.
