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1987 o ano da greve na NFL e os incríveis substitutos do Washington Redskins

A NFL foi fortemente impactada com uma greve dos jogadores em meio a temporada de 1987, cinco anos antes em 1982 já havia explodido a primeira bomba na estrutura da NFL com a primeira greve quebrando paradigmas no esporte número um dos norte americanos, este evento foi um divisor de águas sendo conhecido como “strike” de 82, onde tanto questões financeiras como ideológicas foram postas na mesa.

(Foto: Reprodução Site/ Commanders.com)
(Foto: Reprodução Site/ Commanders.com)

É preciso se adequar ao contexto histórico, afinal nesta época os jogadores tinham salários bem inferiores as cifras de hoje, não havia planos de aposentadoria e as franquias sequer garantiam assistência médica.


A associação de jogadores da NFL teve um papel muito importante em todo processo, conseguindo uma adesão expressiva dos atletas, com argumentos muito bem estruturados. Os atletas reivindicavam 55% dos lucros revertidos para salários e benefícios, e mais liberdade para negociar seus contratos, evitando ficar preso as franquias, em contratos prejudiciais aos atletas. Vale lembrar que nesse período a Free Agency ainda engatinhava, e um fator importante foi o “boom” dos contratos com patrocinadores e televisão.


O resultado foram 57 dias de paralização e US$50 milhões devolvidos para as emissoras. A pressão foi tamanha que os donos foram obrigados a negociar e a associação dos jogadores saiu fortalecida, os jogos recomeçaram em 21 de novembro, aos trancos e barrancos e o Super Bowl daquela temporada foi vencido pelo Washinton Redskins no Rosebowl contra o Miami Dolphins.


Tudo parecia resolvido, certo? Errado, cinco anos após o “strike”, o cenário da NFL voltou a ficar conturbado, alguns acordos de 82 não foram cumpridos pelos donos das equipes, principalmente sobre a questão da Free Agency. A greve começou em 22 de setembro, e conforme o impasse permanecia, os atletas perdiam US$15.000 por jogo e o clima se agravou ainda mais quando as franquias optaram por utilizar jogadores substitutos.


Um clima extremamente hostil foi criado, os jogadores grevistas criaram várias estratégias de guerrilha para intimidar os “Fura-Greve”, entre eles o bloqueio da entrada do ônibus dos substitutos no centro de treinamento, as esposas dos jogadores fizeram bolos visando arrecadar dinheiro para passagens só de ida para oferecer aos “Fura-Greve” para retorno a suas cidades de origem, entre outras hostilidades. Um dos principais idealizadores dos jogadores substitutos, foi Tex Schramm, GM dos Cowboys, que na época mandou um recado duríssimo aos jogadores regulares: “Aqui está o que você precisa entender, nós somos os fazendeiros e vocês são o gado, e sempre podemos conseguir mais gado”.


Esse “gado” novo pôde realizar o sonho de jogar na NFL por três semanas, com destaque para o Washington Redskins, treinados pelo HC Joe Gibbs, os substitutos da equipe da capital fizeram sua estreia contra os Giants e venceram com facilidade por 23 x 19, o próximo adversário foi o St. Louis Cardinals e nova vitória por 34 x17.


A próxima partida seria um Monday Nigth Football valendo o título da divisão, e marcou também o final da greve após 24 dias de paralização, porém ficou decidido que os atletas regulares voltariam somente na semana seguinte, e enquanto Joe Gibbs e seus asseclas perfilaram sua equipe só com jogadores substitutos, os Cowboys do HC Tom Landry jogaram com alguns jogadores regulares que haviam furado a greve, dentre eles os futuros Hall of Fame Tony Dorsett e Randy White.


A partida foi como um Super Bowl aos substitutos dos Redskins, apelidados de “Scabskins”(pele de fura-greve) e com audiência do país inteiro, apoio dos torcedores e até mesmo dos jogadores grevistas, mostraram que a união, companheirismo e vontade podem superar obstáculos. Uma das narrativas mais fascinantes desde jogo foi quando o QB Ed Rubbert dos Redskins deixou o campo ainda no primeiro quarto com uma lesão no ombro, seu substituto era Tony Robinson um candidato ao Trófeu Heisman nos tempos de Tennessee que estava preso por uma condenação por porte de cocaína. Ele foi liberado para essas partidas se comprometendo a voltar para terminar sua pena. Tony entrou e deu novo ritmo ao ataque dos Redskins, final de partida Redskins 13 x 7 Cowboys.


Mas nem tudo foi como o substitutos imaginaram, após a partida e com a volta dos atletas regulares, a maioria foi dispensada voltando para suas vidas antes da fama. A equipe dos Redskins chegou ao Super Bowl e venceram os Broncos de John Elway, mas aos substitutos foram negligenciados ingressos para o Super Bowl bem como os anéis de campeão. Porém a justiça foi reestabelecida em junho de 2018, quando a franquia decidiu voltar atrás e honrar os bravos substitutos com o anel do Super Bowl.


Essa equipe de substitutos marcou a temporada de 1987, tanto que em 2000 estrelou nas telonas “The Replacements” (Virando o jogo), com o fantástico Gene Hackman como HC do Washigton Sentinels, e Keanu Reeves como o QB Shane Falco, Um baita filme com uma baita trilha sonora, para fazer justiça a campanha dos Scabskins.


E usando as palavras do grande Shane Falco: ” A dor passa, as garotas curtem cicatrizes e a glória dura para sempre!”

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