O Baltimore Ravens deu um passo importante e ousado ao oferecer uma extensão de 3 anos no valor de US$ 36,75 milhões para o wide receiver Rashod Bateman, mantendo o jogador vinculado à franquia até 2029. A decisão sinaliza uma clara aposta do front office, Bateman ainda pode ser o wideout que eles imaginaram ao escolhê-lo na primeira rodada do Draft de 2021.
Um investimento de fé (e paciência)
Bateman chegou na NFL cercado de expectativas, mas teve dificuldade para se firmar. Lesões atrapalharam suas duas primeiras temporadas, e seu impacto era inconsistente. Mesmo assim, a comissão técnica nunca perdeu a fé em seu potencial. E agora, com um 2024 sólido nas costas, contando com 45 recepções, 756 jardas e 9 TDs, ele conquista a confiança final do time.
Mas vale esse preço?
Com US$ 20 milhões garantidos, os Ravens não estão simplesmente estendendo o contrato, estão comprando a versão definitiva de Bateman. E esse é o ponto delicado. Bateman mostrou flashes, mas nunca produziu em alto volume. É um WR1? Não. É um WR2 confiável? Ainda está em construção. Porém, o que pesa a seu favor é o fit no sistema de Todd Monken, e, principalmente, o entrosamento crescente com Lamar Jackson.
O mercado de wide receivers está inflacionado
O timing da renovação não é coincidência. Basta olhar ao redor da liga, os contratos de recebedores estão subindo como foguete. Apenas em 2024, vimos Justin Jefferson, CeeDee Lamb e Amon-Ra St. Brown baterem recordes sucessivos. E mesmo recebedores menos impactantes, como Christian Kirk ou Gabriel Davis, conseguiram contratos generosos em free agency nos últimos anos.
Nesse cenário, os US$ 36,75 milhões por três anos (média de 12,25M/ano) parecem mais razoáveis, especialmente se Bateman se desenvolver como esperado. Baltimore paga “abaixo do topo” agora para evitar ter que pagar “preço de estrela” depois. É uma jogada que outras franquias têm feito com frequência, nem sempre com sucesso.
O plano de Baltimore está claro
Esse movimento não pode ser analisado isoladamente. Em março, os Ravens também trouxeram DeAndre Hopkins para reforçar o ataque. Com Hopkins e Zay Flowers, Bateman não será mais o foco da marcação, o que pode desbloquear o que ainda falta em seu jogo é consistência.
Mais do que isso, a renovação aponta para uma mudança clara no DNA do ataque dos Ravens. O time não quer mais ser apenas um rolo compressor terrestre com Lamar correndo 15 vezes por jogo. Monken já mostrou que a verticalidade do jogo aéreo é prioridade, e manter Bateman é uma peça-chave nesse quebra-cabeça.
Bateman tem 27 jogos em três anos, e nunca passou das 800 jardas em uma temporada. Isso não é o perfil clássico de um jogador que merece quase 37 milhões. Mas em Baltimore, o contexto vale mais do que os números crus. O ataque terrestre ainda é o coração da franquia, mas com armas como essas, o plano é claro, dar a Lamar o arsenal aéreo que ele nunca teve.
O dilema: pagar pela produção ou pelo potencial?
Esse tipo de decisão é sempre arriscado porque rompe com a lógica tradicional da meritocracia baseada em números. Bateman ainda não é um jogador dominante, e isso levanta questionamentos legítimos:
Ele já mostrou tudo o que tinha para mostrar?
Está estagnado ou ainda em evolução?
Será que está saudável o suficiente para justificar esse investimento?
A franquia aposta que sim. Mas esse tipo de aposta também fala sobre o quanto Baltimore acredita em seu próprio sistema de desenvolvimento interno. A exemplo disso, Trevor Lawrence renovou com os Jaguars recentemente por um caminhão de dinheiro, também com base no “potencial”. A NFL atualmente gira em torno disso.
Risco calculado
Essa extensão é uma aposta, sem dúvida. Mas é uma aposta de continuidade, de química, e de manter uma base sólida ao redor de um quarterback MVP que já provou seu valor. No fim das contas, Bateman não precisa ser uma superestrela. Ele só precisa ser a peça certa no quebra-cabeça certo.
Uma aposta com fundamentos: o sistema, o técnico, o quarterback e o contexto do mercado.
Se Bateman continuar saudável e evoluir, Baltimore terá feito um negócio inteligente, se não, a perda é controlada e no pior dos cenários, ainda terão um corpo de recebedores mais profundo do que tiveram nos últimos 10 anos.
No fim das contas, o contrato diz mais sobre o que os Ravens querem ser do que sobre o que Bateman é hoje.