Os Saints estão presos em um ciclo financeiro arriscado que finalmente cobrou seu preço. Com um rombo de US$ 54 milhões na folha salarial de 2025, a franquia de Nova Orleans paga agora pelas apostas ousadas do passado. Contratos reestruturados, bônus parcelados e a tentativa desesperada de manter um elenco competitivo ao redor de Drew Brees criaram uma bola de neve que parece impossível de frear. Agora, sem um plano claro de reconstrução, os Saints encaram uma dura realidade: a conta chegou, e sair desse buraco pode levar anos.
Antes de tudo, é necessário entender como funciona o salary cap da NFL. Cada equipe dispõe de 279,2 milhões de dólares em 2025 para pagar todos os seus 53 jogadores. A quantidade que cada atleta irá receber naquele ano fiscal é o que será descontado da folha salarial e todos os times têm que estar abaixo do limite pré-estabelecido.
Imprescindível dizer que, quanto maior o cap disponível, melhor para equipe, já que significa mais dinheiro disponível para novas contratações. Dito isso, é comum que haja um contraste grande entre os times sobre esse valor, porém é agora que o New Orleans Saints assume o protagonismo com– de longe– a franquia com maior déficit na NFL.
Como os Saints entraram no limbo do salary cap?
Para tirar proveito do auge da carreira de Drew Brees, os Saints adotaram uma política financeira controversa na década passada. A NFL permite que as franquias divida o impacto na folha salarial de um jogador durante 5 anos caso o salário seja transformado em bônus salarial. Por exemplo, se um atleta tem 50 milhões de bônus para receber, o dinheiro pode ser espalhado por 5 anos, ocupando 10 milhões no salary cap em cada um deles. Assim, os Saints decidiram parcelar o contrato de Brees para que ele ocupasse menos espaço na folha salarial e– portanto– tivessem mais dinheiro disponível para montar um elenco ao redor de seu QB.
Esse conceito é conhecido em inglês como “all win” e ocorre quando uma franquia aposta tudo o que tem em busca de um Super Bowl. Apesar do parcelamento parecer uma boa ideia, os Saints falharam em ser campeões e, alguma hora, a conta iria chegar. Essa estratégia pode ser feita indefinidamente, porém– quando o jogador deixar a equipe– todo esse bônus é convertido para o salary cap atual.
Assim, os Saints foram prorrogando o impacto de Brees temporada após temporada, literalmente empurrando os problemas para o futuro. Entretanto, isso significa que– muitas vezes– os Saints estão pagando jogadores que não estão mais na equipe. Para exemplificar, Drew Brees anunciou a sua aposentadoria em 2020, mas só a oficializou em 2021, para que o time de Nova Orleans pudesse dividir o seu salário em dois anos e, então, amenizar o impacto na folha salarial.
Todavia, mesmo após a saída de Brees, os Saints mantiveram a política com outros jogadores como Jameis Winston e Taysom Hill. Até 2024, a equipe pagava por um QB que lançava passes pelo Cleveland Browns. Em 2025, a franquia permanece com a mesma estratégia, já que reestruturou os contratos de Derek Carr, Alvin Kamara, Taysom Hill e outros jogadores. O time de Nova Orleans tem seis veteranos com 30 ou mais anos com peso considerável na folha salarial em 2026, além de jogadores como Derek Carr e Ryan Ramczyk que têm tido problemas para se manterem saudáveis.
Os Saints estão em uma bola de neve há mais de uma década e nada garante que a sua estratégia vai mudar no futuro. Derek Carr terá 35 anos em 2026 e vai ocupar absurdos 69,2 milhões de dólares da folha salarial. A equipe precisa aceitar que vai necessitar de uma ou, talvez, duas temporadas assumindo o impacto no salary cap para sair do limbo contratual.